Erre mais!

A maioria das pessoas tem problemas de cometerem erros. Não posso negar que existem situações onde os erros devem ser evitados ao máximo, como por exemplo: quando um piloto pousa um avião, ou um médico faz uma cirurgia; em outras palavras, situações onde um erro tem grandes conseqüências. Porém, em situações onde, por exemplo, o aprendizado é o objetivo este princípio deveria ser invertido, errar mais é melhor, faz parte. Ainda assim, as pessoas continuam tendo aversão a errar.

Acredito que isso vem de formação, é uma coisa cultural. Na escola, ninguém quer ser a criança que erra a resposta. Ir responder uma questão no quadro ou apresentar um trabalho pode ser uma coisa aterrorizadora. E, não duvido que esse receio ainda aconteça com algumas pessoas na faculdade. A opção de ficar quieto parece melhor, você não acerta, mas pelos menos também não erra.

De certa forma, esta cultura limita a criatividade. Dar uma solução diferente para um problema, e correr o risco de estar errado, pode ser um opção subjugada em relação a uma solução “enlatada”. Assim, soluções ineficientes podem perdurar, pelo medo das pessoas de errar. Em muitas situações, tentar soluções diferentes pode não ser prático devido a outros fatores, que poderiam ser resumidos a poucos recursos (tempo, dinheiro, etc.).

Situações de aprendizado são os terrenos perfeitos onde os erros podem florescer. Você está aprendendo, esse é lugar pra errar. Onde você deve errar. Se você está aprendendo algo e não está errando, eu temo lhe dizer que você não está aprendendo você está estagnado. Se você acabou de aprender algo é muito provável que vá errar na hora de fazer, várias vezes. Mas depois de vários erros você aprende, você adquire algo novo e melhora.

No final, os que erram fazem a diferença e se destacam. Pra terminar um vídeo com um comercial da Nike, sobre Michael Jordan e os erros em sua carreira.

O paradoxo das pessoas “fodas”

Assistindo na web algumas palestras da RubyConf Brasil deste ano percebi que caras que eu já achava muito bons aparentemente estão muito melhores. Bem, isso acabou me causando um sentimento de: como tem coisas que ainda preciso aprender; e algumas reflexões sobre o que faz as pessoas serem muito boas.

Pensando sobre o assunto percebi um paradoxo. Caras muito bons estão ainda melhor porque estão evoluindo, se estão evoluindo é porque não estão satisfeitos com o que sabem. De certa forma, podemos dizer que eles não se acham tão bons assim. Além disso, existe a possibilidade da situação inversa. Uma pessoa que se acha boa, acaba não se preocupando em aprender, já que sabe, e no fim não apresenta nada de especial. A humildade parece ser uma característica que está relacionada com a qualidade das pessoas.

Para se tornar muito bom, se preocupar com as coisas que ainda não sabemos pode ser mais importante do que as coisas que já sabemos. Ter conhecimento dos nossos pontos fortes não nos faz melhores, porém conhecer os pontos falhos possibilita a melhora. E acreditar muito na própria qualidade pode acabar justamente maquiando estes pontos falhos, onde é possível melhorar.

No fim, o que define a qualidade de alguém não está tão relacionado com as habilidades e conhecimento que ele tem, mas sim com sua evolução. Saber que existe muito a aprender e correr atrás disso faz as pessoas "fodas".

Escolhas

Vinte dois anos, praticamente formado e empregado com um salário maior que uma boa parte da população brasileira almeja durante a vida. Hora de pensar no futuro, comprar um lugar para morar e ainda vivendo bem. Certo? Suficiente? Pra mim não.

No final da faculdade vem a pergunta. O que fazer agora? Para muitos a resposta é simples, hora de colher o que foi plantado, usufruir dos resultados do investimento. A minha resposta? Mudar de estado, diminuindo os ganhos e aumentando as despesas. Vim para Porto Alegre para descobrir o que é este tal de mestrado. Fiz a escolha certa?

Não fiz a escolha a errada. Se foi a melhor provavelmente nunca saberei. Mas sei que com as dificuldades que superei obtive um crescimento pessoal muito grande. Sinto que estou mais preparado para os desafios que virão ao longo da vida.

Então está conformado com sua situação? Talvez estagnado? Eu digo: arrisque.

O que se faz em um laboratório de CG?

Voltando as atividades no blog, depois das provas de meio de semestre. Neste post vou tentar mudar a concepção de vocês do que se faz neste tal de mestrado. Digo isso porque eu mesmo me surpreendi.

Estou fazendo mestrado em computação seguindo a linha de computação gráfica. Então provavelmente o que se faz no laboratório onde trabalho/estudo e ficar fazendo aplicações em 3D ou coisas do gênero, certo? Alguém pode pensar que somos craques no photoshop ou similares. Digamos que fazemos alguma coisa do tipo “aplicação em 3D”, mas nada relacionado com photoshop.

Então o que fazemos? Bem, na época da matrícula eu achava que estava entrando na área da matemática, e depois de dois meses de aula estou quase acreditando =P. Agora muitos podem pensar que o mestrado é uma coisa muito acadêmica as pessoas ficam trabalhando com teoria enquanto o mundo vive na prática.

Bem, agora vem a mudança de concepção. Vou descrever um fato ocorrido algumas semanas atrás. Uma pessoa entra no laboratório com um projetor, então eu descubro que ela iria desmontar o aparelho para pegar os elementos óticos que estavam lá dentro. Depois de algumas horas e um projetor desmontado, dois alunos da pós começam a olhar os componentes e tentar identificar propriedades, neste momento eu ficando de boca aberta com o conhecimento de óptica dos caras. E também aprendi como funciona um projeto :)

Neste tempo que estou aqui já vi gente mexendo com dispositivos de interação diferentes, placas eletrônicas, dispositivos móveis e até fazendo xunxos com uma garrafa de refrigerante. Ciência. A questão aqui é resolver o problema, usando o que precisar indo da teoria matemática até meter a mão na massa com hardware.

Depois disso deixo algumas perguntas para reflexão. Você está tentando resolver um problema no seu dia-a-dia? Está tentando usar algo que você aprendeu, só pra usar mesmo que não faça sentido? Ou isso não importa desde que venha o salário no fim do mês?

Espírito Olímpico

Hein? Não, não estou falando nas olimpíadas. Mas queria falar sobre uma comparação que meu orientador faz entre mestrado/doutorado e esporte de alto rendimento. A ideia é sermos “atletas” do mundo científico. E o objetivo disputar com os melhores do mundo. Então existe um campeonato de ciência? Bem, no nosso caso a disputa é feita para colocar nossos trabalhos nos grandes eventos internacionais.

E dentre todos os eventos o que mais se destaca na área da computação gráfica é o SIGGRAPH. Publicar nesta conferência é tipo jogar na copa do mundo de futebol ou ir para as olimpíadas, o topo. E nesse ano de 2011 dois trabalhos da UFRGS foram selecionados. Isso é competir com MIT, Stanford e aqueles chineses que parecem querer dominar o mundo e estar no nível deles. Massa, né?

É claro, os resultados não vêm por acaso. Para conseguir chegar a um ponto deste o esforço também tem que ser de atleta olímpico. Tem que trabalhar muito e se dedicar mais que a média, para ser melhor que a média. Se todo mundo trabalha 8 horas por dia 5 dias por semana, para estar entre os MELHORES DO MUNDO quanto é necessário? Ouvi histórias de caras que no mês anterior a conferência dormiam no laboratório, ah isso no MIT.

Deu para ter uma noção de como é a coisa por aqui? Meio assustador?

Agora é pra valer. Primeiras semanas de mestrado

Queria ter escrito este post a uma semana, mas estava sem acesso a internet em casa. Bem, sobrevivi. E agora lá vai o post.

Para alguém que está acostumado com a rotina de empresas de software entrar na rotina do mestrado é uma baita mudança. A primeira coisa é a liberdade de horário, tirando os horários de aula você não tem obrigação de cumprir um horário, você só precisa fazer a suas atividades. Bem, acho que isso é o sonho de muita gente, pelo menos já ouvi muita gente falar que era. Porém, normalmente isso significa trabalhar muito mais. Na recepção aos novos alunos de mestrado falaram assim: “Aqui esperamos que vocês trabalhem pelo menos 7 dias por semana”, assustador não?

A coisa que me deixou mais feliz até agora e que no mestrado você tem oportunidades de trabalhar com coisas, digamos, divertidas. Na primeira semana, por exemplo, cheguei a dar uma “brincada” com Kinect da Microsoft, quando eu teria uma oportunidade desta em uma empresa comum de desenvolvimento de software? Tive que trabalhar com um driver que ainda está em desenvolvimento, tinha até umas funções que imprimiam algo parecido com “Ainda não foi implementado”. A imagem mostra uma aplicação de exemplo:

Mestrado é coisa que te consome bastante tempo, você tem que estudar muito, mas pelo menos trabalha com coisas mais legais do que fazer cadastros e ficar corrigindo bugs. ;D

Entrando no mestrado. Processo de seleção

Uma das primeiras perguntas que as pessoas me fazem quando digo que vou fazer mestrado é: Como você conseguiu? Por isso, neste post vou descrever os passos do processo de seleção.

O primeiro passo foi o PosComp. Para fazer um mestrado em computação, principalmente nas instituições mais conceituadas, é praticamente obrigatório fazer essa prova. Ela é bem difícil e normalmente é necessário ficar acima da média nacional, que costuma ser baixa. Para quem quiser saber mais, a Gabriela escreveu sobre a prova no blog dela.

Depois de conseguir uma nota razoável no PosComp vem uma das partes mais importantes, encontrar um orientador. Esta tarefa é muito importante, já que quando você assume com um orientador você passará dois anos trabalhando com ele. Nesta parte ter contatos é bom, falar com pessoas que conhecem o orientador pretendido pode dar uma noção do que a por vir. Meu orientador de TCC me ajudou muito nesta parte ele mediou a comunicação com o orientador de mestrado.

A partir deste ponto começa a conversa com o orientador, a primeiras coisas pedidas foram o meu currículo e o meu TCC (que nem estava pronto). Também marcamos uma entrevista via Skype. Ela lembra muito uma entrevista de emprego, e é bom porque o orientador já te dá algumas noções de como funciona o mestrado.

Além de todo esse processo costuma ser bom conseguir cartas de recomendação. O meu orientador de TCC fez isso por mim. Nesta carta estão algumas informações/opiniões de quem está recomendado sobre você.

Daí é só esperar a resposta. ;D